As mulheres que utilizam métodos anticoncecionais hormonais podem alterar pontualmente os seus ciclos menstruais.
Quando começa a fazer contas e percebe que o dia da corrida coincide com o seu primeiro dia de menstruação. O que fazer? Podemos ‘decidir’ tê-la ou não tê-la? Como? E sobretudo, devemos?
As mulheres que utilizam métodos contractivos hormonais podem alterar pontualmente os seus ciclos menstruais sem que isso implique nenhum tipo de efeito secundário, embora seja algo que deve fazer-se com toda a informação e aconselhamento por parte de um profissional. Porque convém saber que modificar o ciclo menstrual através do uso de anticoncetivos hormonais não tem nenhum tipo de efeito sobre o nosso organismo. Não só as mulheres que realizam competições desportivas podem precisar de recorrer a esta prática, de facto, todas as mulheres o fazem alguma vez: seja por terem uma reunião importante de trabalho, quer seja por causa de um evento pessoal importante… O dia do seu casamento, por exemplo! Fazem-no corredoras, nadadoras, executivas, etc. Ter a menstruação em dias importantes é um handicap e é possível regulá-la de forma pontual com métodos anticoncetivos hormonais.
De facto, os ciclos menstruais controlam-se assim em outras ocasiões: antes de realizar um tratamento de reprodução assistida, por exemplo, ou para regular o ciclo em mulheres que têm períodos irregulares.
O único risco de realizar esta prática é a gravidez não desejada. Por essa razão, e também para saber qual é o anticoncetivo mais conveniente, o uso de contracetivos hormonais de qualquer tipo deve ser sempre prescrito por um profissional. É imprescindível contar com o conselho e aconselhamento do nosso ginecologista antes de escolher que tipo de contracetivo vamos utilizar.
As visitas ginecológicas, além do controlo anual, a citologia, etc., podem dar-nos muito mais informação: desde a anticoncepção, a planificação familiar ou a preservação da fertilidade. Mas de forma a saber como interferir no nosso ciclo, antes devemos conhecer os métodos existentes, como funcionam e maneira de os utilizar para controlar o período.
Contracetivos
Os métodos contracetivos utilizam-se desde os tempos antigos, mas, ainda que lhe custe a acreditar, os mais eficazes e seguros não estiveram disponíveis até ao século XX.
Contracetivos não hormonais
Evitam a gravidez sem intervir no ciclo menstrual feminino.
Diafragma e esponja vaginal
Estes dois métodos atualmente estão obsoletos, dado que apresentam um dos índices mais baixos de eficácia como contracetivos, conforme o Índice de Pearl.
DIU de cobre
O DIU de cobre é um pequeno dispositivo que se introduz no útero e impede a gravidez. Não permite alterar o ciclo menstrual.
Preservativo
O único método anticoncetivo que previne as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Não permite alterar o ciclo menstrual.
Contracetivos hormonais
Além de evitar a fertilização, permitem alterar o ciclo menstrual (com exceção do DIU hormonal, do qual vamos fazer uma menção à parte).
Pílula contracetiva
Trata-se dum método contracetivos hormonal de administração por via oral. O mais utilizado é o de 21 comprimidos seguidos e uma semana de descanso para a semana da menstruação. Atualmente existe uma grande variedade, mas estes são os mais frequentes:
Se você decidiu alterar o seu ciclo, depois de esgotar os 21 comprimidos não se faz descanso e inicia-se uma nova caixa de 21 comprimidos até que se deseje parar: nesse momento vai haver menstruação por cessação de contracetivos.
Tenha cuidado, se você fizer outras combinações, tais como:
- 21 comprimidos + 7 comprimidos placebo+ outros 7 comprimidos placebo
- 21 comprimidos + 10 comprimidos placebo…
Atenção! Pode haver efeitos não desejados: ter a menstruação inesperadamente ou, ainda pior, diminuir a eficácia contracetiva, com risco de gravidez indesejada.
Programar a menstruação não tem efeitos prejudiciais para a saúde. Poder-se-ia fazer de forma repetida sem risco. Poder-se-ia organizar a menstruação sem nenhum efeito prejudicial, além das contraindicações do próprio método contracetivo.
Anel vaginal
O anel vaginal é um pequeno dispositivo de plástico que se introduz na vagina e impede a gravidez através da libertação continuada de hormonas. Utiliza-se 3 semanas seguidas e depois realiza-se uma de descanso, na que haverá a menstruação.
Se se quiser evitar a menstruação e se está a usar este dispositivo, após as 3 semanas de utilização, pode-se introduzir um novo anel, durante 1 semana mais, ou 2 mais, ou 3 mais, conforme o que se deseje, durante as quais não haverá menstruação.
Durante essas semanas sem menstruação poderemos ter alguns dos sintomas associados a qualquer tipo de contracetivo hormonal: dor de cabeça, sensação de inchaço, nervos, retenção de líquidos ou variações hormonais.
DIU hormonal
Embora o DIU hormonal seja conhecido como método contracetivo, muitas vezes recomenda-se também como tratamento médico para mulheres com menstruações muito abundantes -as chamadas hipermenorreias- que podem chegar a causar-lhes anemia.
O DIU hormonal diminuí a quantidade do sangramento, até ao ponto em que, a maioria das vezes, ao fim de 3-6 meses de utilização, fá-la desaparecer.
A TER EM CONTA
Se nenhum método for utilizado, pode-se regular o ciclo?
Não. Para regular o ciclo menstrual é preciso utilizar métodos contracetivos hormonais.
Que consequências pode ter para o nosso corpo?
Alterar o ciclo menstrual com a administração de mais contracetivos não tem efeitos de nenhum tipo para o nosso organismo, além dos efeitos secundários próprios do contracetivo (que já estariam a alterar ou não o ciclo).
É importante recordar que em qualquer combinação deste tipo, sem a informação adequada e sob um bom aconselhamento médico, há risco de gravidez indesejada: é então que “brincar com o teu ciclo” traz as consequências adversas. Consulte o seu ginecologista para aconselhamento: só tendo toda a informação poderá decidir o mais conveniente para si.
Autora: Dra. Alicia Pérez – Ginecologista especialista em reprodução assistida